Análise da Agência Nacional do Petróleo aponta que paridade do biocombustível em relação à gasolina comum está abaixo de 70% em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, indicando economia para o consumidor.
Um levantamento recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) revelou que, entre os dias 9 e 15 de novembro, o abastecimento de veículos com etanol apresentou-se como a opção economicamente mais vantajosa em comparação à gasolina comum em quatro importantes estados brasileiros. Os motoristas de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná foram os principais beneficiados por essa dinâmica de preços, que se tornou evidente pela paridade do biocombustível em relação ao derivado de petróleo, que se manteve abaixo do limite de 70% nestas localidades. A pesquisa semanal da ANP fornece um panorama crucial para os consumidores, permitindo decisões mais informadas na hora de abastecer seus veículos e otimizar seus gastos com combustível. A análise detalhada da agência serve como um balizador confiável em um mercado de combustíveis volátil e sensível a diversas influências econômicas e sazonais.
Contexto
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) desempenha um papel fundamental na regulação e fiscalização do setor de combustíveis no Brasil, além de monitorar e divulgar os preços praticados em todo o país. O levantamento semanal da ANP, que abrangeu o período de 9 a 15 de novembro, é uma ferramenta essencial para consumidores e agentes do mercado acompanharem as flutuações e as oportunidades de economia. A metodologia para determinar a vantagem econômica de um combustível sobre o outro, especialmente entre etanol e gasolina, baseia-se na chamada “regra dos 70%”.
De acordo com essa regra amplamente aceita no mercado, o etanol é considerado economicamente mais vantajoso quando seu preço por litro corresponde a até 70% do preço da gasolina. Isso se deve ao fato de que o etanol, apesar de ser mais ecológico e renovável, possui um poder calorífico menor do que a gasolina, exigindo um volume maior para percorrer a mesma distância. Assim, o cálculo da paridade é simples: divide-se o preço do litro do etanol pelo preço do litro da gasolina. Se o resultado for igual ou inferior a 0,7 (ou 70%), o álcool combustível é a melhor escolha para o bolso do motorista flex.
No período analisado, a ANP constatou as seguintes paridades específicas que justificam a vantagem do etanol nos quatro estados: em Mato Grosso, a paridade foi de 69%; no Mato Grosso do Sul, 66,2%; no Paraná, alcançou 68,3%; e em São Paulo, o percentual foi de 68%. Esses números confirmam que, para os motoristas flex dessas regiões, optar pelo biocombustível representou uma economia tangível. É importante notar que essas médias são o resultado de pesquisas realizadas em diversos postos de combustíveis dentro de cada estado, refletindo uma fotografia precisa do mercado.
Cenário Nacional da Semana Anterior
O panorama nacional da semana imediatamente anterior ao levantamento (período de 2 a 8 de novembro) também apresentou tendências relevantes no mercado de combustíveis. A ANP observou uma redução nos preços médios do etanol em 13 estados brasileiros, um movimento que contribui para sua competitividade. Paralelamente, os preços da gasolina também registraram queda em 12 estados, indicando uma tendência de alívio nos custos para os consumidores em diversas partes do país.
Essas variações regionais são influenciadas por múltiplos fatores, incluindo a logística de distribuição, a política de preços das refinarias, a carga tributária estadual, e a dinâmica da safra da cana-de-açúcar, matéria-prima para o etanol. Embora o levantamento não detalhe os maiores aumentos e quedas por UF com valores específicos, a ANP destacou a ocorrência dessas variações significativas, o que sublinha a volatilidade inerente ao setor e a importância do monitoramento contínuo para o consumidor.
Impactos da Decisão
A constatação da vantagem econômica do etanol em estados-chave como São Paulo e o trio do Centro-Oeste e Sul (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná) tem um impacto direto e positivo no bolso dos motoristas. Para milhões de consumidores, a decisão de abastecer com o biocombustível pode resultar em uma economia significativa ao longo do mês, especialmente para aqueles que utilizam o veículo com frequência. Esta economia não apenas alivia o orçamento doméstico, mas também pode injetar recursos adicionais na economia local, à medida que os consumidores têm mais poder de compra para outros bens e serviços.
Do ponto de vista ambiental, o incentivo ao consumo de etanol é uma notícia bem-vinda. Por ser um combustível renovável, derivado da cana-de-açúcar, o etanol emite menos gases de efeito estufa em comparação com a gasolina, contribuindo para a redução da pegada de carbono dos veículos. Embora a decisão do consumidor seja primariamente econômica, o benefício ambiental inerente ao etanol agrega um valor adicional à sua escolha, alinhando-se a políticas de sustentabilidade e preocupações crescentes com o clima.
No setor produtivo, a maior demanda por etanol nos estados onde ele se torna mais competitivo pode impulsionar a indústria sucroenergética. Um aumento no consumo de biocombustíveis pode estimular investimentos na produção de cana-de-açúcar e na capacidade das usinas, gerando empregos e fortalecendo a economia regional. Essa dinâmica também pode influenciar a estratégia de preços e a oferta de gasolina e seus derivados, à medida que as distribuidoras ajustam suas operações para atender à demanda de um mercado que se inclina, ainda que temporariamente, para o etanol.
Efeitos no Mercado de Combustíveis
As flutuações nos preços de etanol e gasolina, conforme monitoradas pela ANP, são um reflexo complexo de fatores domésticos e internacionais. A competitividade do etanol é fortemente ligada à safra da cana-de-açúcar, que determina a oferta e, consequentemente, o preço do biocombustível. Uma safra robusta tende a aumentar a disponibilidade de etanol, exercendo pressão de baixa nos preços e tornando-o mais atrativo. Por outro lado, a gasolina tem seu preço atrelado às cotações internacionais do petróleo e à taxa de câmbio, além das políticas de precificação da Petrobras e dos impostos estaduais e federais.
A paridade favorável ao etanol observada nesses quatro estados, portanto, é um ponto de equilíbrio momentâneo dessas múltiplas variáveis. Ela ressalta a importância de um mercado de combustíveis dinâmico, onde a concorrência entre as diferentes fontes energéticas pode beneficiar diretamente o consumidor. Para os distribuidores e postos de combustíveis, essa alternância de vantagem entre gasolina e etanol exige flexibilidade e uma gestão eficiente de estoque para atender às demandas dos motoristas.
Próximos Passos
Para os motoristas, a principal recomendação para os próximos meses é continuar monitorando os preços dos combustíveis. As informações divulgadas semanalmente pela ANP são a fonte mais confiável para acompanhar a evolução da paridade entre etanol e gasolina em cada estado. Ferramentas e aplicativos que compilam esses dados em tempo real também podem ser aliados importantes na busca pelo melhor preço. A volatilidade do mercado exige uma postura ativa do consumidor para aproveitar as melhores condições de abastecimento.
O cenário para a competitividade do etanol nos próximos períodos será influenciado por fatores sazonais e econômicos. A entressafra da cana-de-açúcar, por exemplo, que tipicamente ocorre nos primeiros meses do ano, pode levar a uma redução na oferta de etanol e, consequentemente, a um aumento nos seus preços. Da mesma forma, as cotações internacionais do petróleo e as variações do câmbio continuarão a ditar o comportamento dos preços da gasolina. Medidas governamentais, como mudanças nas alíquotas de impostos (ICMS, PIS/Cofins, CIDE), também podem alterar significativamente a equação de paridade.
A indústria sucroenergética, por sua vez, continuará a trabalhar para otimizar sua produção e logística, buscando manter a competitividade do etanol. Iniciativas para aumentar a produtividade dos canaviais e a eficiência das usinas são cruciais para garantir um suprimento adequado e a preços acessíveis. Enquanto isso, o papel da ANP na fiscalização e na transparência dos dados de preços será ainda mais vital, garantindo que o mercado opere de forma justa e que os consumidores tenham acesso a informações claras e precisas para suas decisões de consumo.
Fonte:
UOL Economia – Abastecer com etanol compensa mais que gasolina em quatro estados, diz ANP. UOL Economia

