Sistema de pagamento instantâneo brasileiro celebra consolidação revolucionária, inspira nações e enfrenta tensões geopolíticas em sua expansão mundial
O Pix, sistema de pagamento instantâneo brasileiro, completa cinco anos de existência consolidado como um marco revolucionário que transformou a relação de cerca de 140 milhões de brasileiros com o dinheiro. Reconhecido globalmente por organismos como a OCDE e o Banco Mundial, o sistema serve de inspiração para países como a Colômbia e agora avança em uma ambiciosa jornada de internacionalização, enfrentando desafios e atritos geopolíticos, notadamente com o governo dos Estados Unidos sob a administração Donald Trump.
Contexto
Lançado em 2020 pelo Banco Central do Brasil, o Pix rapidamente se estabeleceu como uma ferramenta essencial para a população brasileira. Sua implementação visava democratizar o acesso a serviços financeiros, reduzir a dependência de métodos de pagamento mais custosos e menos eficientes, e fomentar a competição no mercado.
Em apenas cinco anos, o sistema não só atingiu esses objetivos como superou as expectativas, integrando milhões de pessoas ao sistema financeiro e simplificando transações diárias. Esse crescimento exponencial atraiu a atenção de diversas instituições internacionais, que passaram a estudar o modelo brasileiro como um case de sucesso.
Os pilares do sucesso do Pix são multifacetados: um ecossistema digital robusto e bem desenhado pelo Banco Central, que garante segurança e interoperabilidade; os baixos custos operacionais, que beneficiam tanto usuários quanto empresas; e uma excelente experiência do usuário, intuitiva e acessível.
Nascimento e Ascensão Doméstica
O Pix foi concebido para ser uma alternativa de baixo custo e alta velocidade aos métodos de pagamento tradicionais. Sua gratuidade para pessoas físicas e o baixo custo para jurídicas impulsionaram uma adoção massiva em todo o território nacional, alterando profundamente os hábitos de consumo e pagamento dos brasileiros.
Esse impacto positivo é corroborado por especialistas. “O Pix é o futuro do dinheiro”, afirmou o economista e ganhador do Nobel, Paul Krugman, destacando a inovação e o potencial transformador do sistema brasileiro. Essa visão ressalta a importância do Pix não apenas no cenário nacional, mas como um modelo a ser replicado.
Impactos da Decisão
A chegada do Pix gerou uma economia substancial para a economia brasileira. Um estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC) revelou que o sistema de pagamentos instantâneos economizou impressionantes R$ 106,7 bilhões, um valor que reflete a eficiência e a redução de custos transacionais em diversos setores da economia.
Essa economia não se limita apenas a custos diretos. A agilidade nas transações e a inclusão financeira proporcionada pelo Pix impulsionaram pequenos negócios, facilitaram o comércio eletrônico e agilizaram o recebimento de pagamentos, gerando um efeito multiplicador na atividade econômica.
O crescimento do Pix tem sido tão vertiginoso que especialistas o comparam a marcos da indústria. André Mello, da Bain, compara o crescimento do sistema brasileiro ao da indústria de cartões em seus primórdios, sublinhando a escala e a velocidade de sua adoção e impacto.
Reconhecimento e Economia Transformada
A transformação gerada pelo Pix é inegável. Com aproximadamente 140 milhões de usuários ativos, o sistema se tornou o principal meio de pagamento no Brasil, superando até mesmo o uso de cartões de débito e crédito em muitas categorias de transação. Essa hegemonia demonstra a confiança e a praticidade que o Pix oferece.
Organismos internacionais como a OCDE e o Banco Mundial reconhecem o Pix como um exemplo de sucesso na modernização de sistemas de pagamento. Essa validação internacional reforça a posição do Brasil como um inovador em tecnologia financeira e um potencial exportador de soluções.
Geopolítica e Resistência Americana
Apesar do sucesso, a jornada de internacionalização do Pix não é isenta de obstáculos, especialmente no campo geopolítico. Durante a administração de Donald Trump, o governo dos Estados Unidos manifestou preocupação, vendo o sistema brasileiro como uma potencial ameaça às grandes bandeiras de cartão de crédito e débito globalmente dominantes, como Visa e Mastercard.
Essa percepção levou a acusações de que o Pix poderia ser uma ferramenta para minar a hegemonia do dólar e as redes financeiras ocidentais. O governo brasileiro, por sua vez, defendeu publicamente o sistema, ressaltando sua natureza de inovação e seu benefício para a população, negando qualquer intenção de desestabilização geopolítica.
Próximos Passos
A ambiciosa jornada de internacionalização do Pix está apenas começando. Há iniciativas concretas para levar a tecnologia brasileira além das fronteiras, visando replicar o sucesso doméstico em outros mercados. A PagBrasil, por exemplo, já explora o conceito de “Pix Internacional”, facilitando transações transfronteiriças.
Outro avanço importante é o recém-lançado “Pix Roaming”, que permite a estrangeiros em visita ao Brasil utilizar o sistema, conectando suas carteiras digitais internacionais ao ecossistema Pix. Essa funcionalidade promete facilitar o turismo e o comércio para visitantes, integrando ainda mais o Brasil à economia digital global.
As projeções para o futuro são audaciosas. O Banco Central e players do mercado preveem a expansão do Pix para a Ásia e para um total de 14 carteiras digitais até o ano de 2026. Essa expansão visa criar corredores de pagamento eficientes e de baixo custo em mercados estratégicos, consolidando a influência do sistema.
A Expansão Global e Novas Fronteiras
O volume financeiro transacionado via Pix é projetado para alcançar R$ 7,9 trilhões até 2030, um crescimento que reflete não apenas a contínua adoção no Brasil, mas também o potencial de sua expansão internacional. Esse cenário coloca o Pix como um dos principais motores da economia digital global.
Apesar dos atritos geopolíticos e da concorrência com sistemas de pagamento já estabelecidos, o Pix demonstra resiliência e capacidade de adaptação. A defesa contínua do governo brasileiro e o apoio de entidades internacionais são cruciais para pavimentar o caminho para uma adoção ainda mais ampla.
O futuro do Pix promete inovações contínuas, incluindo novas funcionalidades e integrações que o tornarão ainda mais versátil e seguro. Sua trajetória, de uma inovação local a um modelo global, reafirma a capacidade do Brasil de liderar avanços significativos no cenário da tecnologia financeira.
Fonte:
Estadão – 5 anos de Pix: após conquistar o Brasil, sistema inspira outros países e incomoda Trump. Estadão

